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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

FRANCISCO DE ASSIS E AS BEM-AVENTURANÇAS

O texto do Evangelho proclamado e refletido na Eucaristia do 4º Domingo do Tempo Comum mostra Jesus subindo ao monte, como novo Moisés e, sentado, como o mestre por excelência, proclama o sermão das bem-aventuranças.

Se Moisés, ao subir ao monte Sinai, viu Deus face a face e desceu de lá com os dez mandamentos, as normas e leis que assegurariam a felicidade, a liberdade e a paz do povo eleito, Jesus, ao proclamar Seu sermão, voltado para as multidões de pobres que o seguiam, mostra a face de um Deus acessível ao povo e que o leva a sério, propondo-lhe não novas leis, mas os verdadeiros e únicos critérios capazes de fazer o povo feliz, livre e portador da paz verdadeira:

“Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!

Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.


O Sermão das Bem-aventuranças não quer justificar nem enaltecer a pobreza, o sofrimento, a perseguição, mas quer mostrar que somente as pessoas que não põem sua confiança e segurança no dinheiro e no poder, mas que estão dispostas a lutar pelo bem de todos, que buscam e constroem a felicidade não só pessoal, mas querem ver todos felizes, são capazes de provocar verdadeiras mudanças na sociedade. Essas pessoas são pacíficas porque não acreditam que a paz e a segurança podem ser obtidas pela força das armas, mas pelo diálogo e pelo acolhimento do diferente. Elas choram porque sofrem com o sofrimento dos outros. São misericordiosas porque acreditam num Deus que é amor e que nos enviou Seu Filho para salvar e dar a vida por todos. São perseguidas, caluniadas porque não se calam diante da injustiça, mas lutam pela construção de um mundo justo onde a voz dos pequenos e pobres é ouvida e seus clamores e opressão levados a sério.

Francisco de Assis foi alguém que acolheu e levou a sério as bem-aventuranças e fez delas os critérios evangélicos que orientaram e motivaram sua vida. Daí porque, ainda hoje, é modelo de vida e compromisso com a paz, a justiça e o respeito devido à natureza. Sua vida enraizada na de Jesus e guiada pelo Evangelho faz dele, em pleno século XXI, um homem que fez uma experiência de Deus muito especial a ponto de nos deixar uma espiritualidade que não cessa de ser buscada, estudada e enriquecida por uma legião de homens e mulheres arrastada pelo seu exemplo de vida.

Frei Marconi Lins, OFM

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