Imediatamente após a canonização, que ocorreu em 16 de julho de 1228,
o Papa Gregório IX quis que em honra a São Francisco, o Poverello de
Assis, fosse elevado um magnífico templo e ali seus restos mortais
fossem preservados. O mesmo Pontífice abençoou a pedra fundamental em 17
de Julho de 1228 e, na festa de Pentecostes, 25 de maio de 1230,
ordenou que o corpo do santo foi transportado da igreja de São Jorge
para a nova basílica, a igreja-mãe da Ordem dos Ordem dos Frades
Menores. Inocêncio IV a consagrou solenemente em 1253, elevando à
basílica patriarcal e capela papal por Bento XIV em 1764.
São Francisco queria morrer perto da Porciúncula, onde havia iniciado
a vida religiosa. Mas aquele que havia escolhido a pobreza como um
caminho para amar e deixava-a como herança a seus filhos.
A construção da basílica superior começou logo após 1239 e foi
finalizada em 1253. Sua arquitetura é uma síntese do Românico e do
Gótico Italiano. As igrejas foram decoradas pelos maiores artistas
daquele tempo, vindos de Roma, Toscana e Úmbria. A igreja inferior tem
afrescos de Cimabue e Giotto; na igreja superior está uma série de
afrescos com cenas da vida de São Francisco, também atribuída a Giotto e
seus seguidores. A Basílica é administrada pelos Frades Menores
Conventuais (OFM Conv.). Os Frades Franciscanos Conventuais são os
guardiães dos restos mortais do Santo de Assis.
No dia 26 de setembro de 1997, Assis foi atingida por dois fortes
terremotos que danificaram severamente a basílica (parte do teto dela
ruiu durante o segundo tremor, destruindo um afresco de Cimabue), que
passou dois anos fechada para restauração.
A Basílica inferior, que representaria a penitência, consiste em uma
nave central com várias capelas laterais com arcos semicirculares. A
nave é decorada com os afrescos mais antigos da igreja, criados por um
artista chamado Mestre de São Francisco. Eles mostram cinco cenas da
Paixão de Cristo à direita, e à esquerda, cenas da vida de São
Francisco. Esses afrescos foram finalizados em 1260-1263. São
considerados os melhores exemplos da pintura mural da Toscana, antes de
Cimabue.
Como a popularidade da igreja aumentou, capelas laterais para
famílias nobres foram adicionadas entre 1270 e 1350, destruindo os
afrescos na paredes. A primeira capela à esquerda é decorada com dez
afrescos de Simone Martini. Esses estão entre os maiores trabalhos de
Martini e os melhores exemplos da pintura do século XIV.
A nave termina em uma abside semicircular ricamente decorada,
precedida por um transepto. Os afrescos no transepto direito mostram a
infância de Cristo, feitos parcialmente por Giotto e seus aprendizes e a
Natividade pelo anônimo Mestre di San Nicola. O nível inferior mostra
três afrescos representando São Francisco ajudando duas crianças. Esses
afrescos de Giotto foram revolucionários para a época, pois mostravam
pessoas reais com emoções em uma paisagem realista.
Na parede do transepto, Cimabue pintou uma de suas obras mais
famosas: Nossa Senhora com São Francisco, Anjos e Santos (1280). Esse é
provavelmente o retrato mais assemelhado a São Francisco. A pintura
estática em estilo gótico contrasta com as pinturas dinâmicas de Giotto.
O transepto esquerdo foi decorado pelo pintor Pietro Lorenzetti e seus
aprendizes entre 1315 e 1330. Os afrescos mostram seis cenas da Paixão
de Cristo, sendo a mais impressionante a Descida da Cruz, onde se
percebe a sombra em uma pintura pela primeira vez desde a Antiguidade.
Cripta com túmulo de São Francisco de Assis
Pela nave se pode descer para a cripta através de uma escadaria
dupla. Esse local, que guarda o túmulo de Francisco foi descoberto em
1818.
O túmulo tinha sido escondido por Frei Elia para evitar que suas
relíquias se espalhassem pela Europa medieval. Por ordem do Papa Pio IX,
uma cripta foi construída embaixo da Basílica inferior. Foi projetada
por Pasquale Belli com mármore fino em estilo neoclássico, mas foi
redesenhada em pedra crua em estilo neo-Românico por Ugo Tarchi entre
1925 e 1932.
Ao lado da Basílica, fica o Sacro Convento, que se assemelha a uma
fortaleza e que já era habitado em 1230. O Convento agora abriga uma
vasta biblioteca (com obras medievais), um museu com obras de arte
doadas por peregrinos pelos séculos e também 57 obras (principalmente
das Escolas Florentina e Sienesa) da Coleção Perkins.
Nave da Basílica superior
A entrada da Basílica superior (que representa a glória) é pela
arcada do convento dos frades. O estilo dessa área é completamente
diferente da Basílica inferior. Grandes janelas de vidro colorido banham
com luz as obras de Giotto e Cimabue.
A parte final ao oeste do transepto e a abside foram decoradas com
vários afrescos de Cimabue e seus aprendizes (1280). Infelizmente,
devido ao material usado na obra, os afrescos logo sofreram os efeitos
da umidade. Estão hoje muito deteriorados e foram quase reduzidos a
meros negativos fotográficos.
A parte superior, em ambos os lados da nave, muito danificada pelos
terremotos de 1997, foi decorada em duas filas com um total de 32 cenas
do Velho Testamento e do Novo Testamento. Como levava cerca de seis
meses para que se pintasse apenas uma parte da nave, diferentes artistas
romanos e toscanos, seguidores de Cimabue, trabalharam na obra, tais
como Giacomo, Jacopo Torriti e Pietro Cavallini.
Mas a obra mais importante da Basílica é, sem dúvida, a série de 28
afrescos atribuídos a um jovem Giotto na parte baixa da nave. Giotto
usou a Legenda Maior, a biografia de Francisco para reconstruir os
maiores eventos da vida do santo. As pinturas são vívidas, como se
Giotto tivesse sido uma testemunha ocular da história. Os afrescos foram
executados entre 1296 e 1304. Contudo, a autoria da obra ainda é
debatida. Alguns críticos acreditam que a série tenha sido feita por um
grupo de artistas inspirados em Giotto.
Fonte: http://www.franciscanos.org.br/n/?p=18157