Dia 11 de setembro, o mundo inteiro lembrou os dez anos dos atentados terroristas contra os Estados Unidos e que resultou na morte de quase três mil pessoas. O poder militar dos americanos, o maior do mundo, viu-se impotente diante dos atentados e mais uma vez ficou comprovado que a violência gera violência. E os Estados Unidos, sob o pretexto de caçar os terroristas, empreenderam e continuam empreendendo suas ações militares em várias partes do mundo, particularmente no Afeganistão.
Jamais podemos aprovar o terrorismo, mas também não acreditamos que a violência seja a arma ideal para combatê-lo. A humanidade criou muitos espaços de diálogo, como a Organização das Nações Unidas, sobretudo após a Segunda Guerra mundial, justamente para evitar confrontos militares que matam milhares e até milhões de civis inocentes e devasta a natureza, como foi o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki, empreendido pelos Estados Unidos em 1945. Em Hiroshima foram 140 mil mortos e 80 mil em Nagasaki. A ineficácia das organizações de diálogo e de construção da paz é conseqüência dos interesses econômicos das grandes nações e que estão acima do poder político que é o mediador dos conflitos.
Coincidentemente no domingo (11), o texto do evangelho proclamado nas missas, no mundo inteiro, faziam ecoar a pergunta de Pedro dirigida a Jesus, e a resposta cheia da sabedoria do Filho de Deus: “Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?” E Jesus respondeu: “Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta vezes sete” (Mt 18,21s), expressão que significa na língua de Jesus: “sempre”.
O cristianismo ensina que Deus é misericordioso e está sempre disposto a perdoar o pecador arrependido. Aprendemos isso claramente com Jesus que, crucificado, ainda pedia pelos seus algozes rezando ao Pai: “Perdoa-lhes porque não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). E diariamente rezamos a oração que o Senhor nos ensinou, na qual dizemos: “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Foi na escola do Evangelho que São Francisco se formou e por isso, a mensagem que o santo de Assis nos deixou foi de paz e bem para toda a humanidade. Quem conhece São Francisco e procura seguir seu exemplo de vida sabe muito bem que ele trabalhou muito pelo diálogo e a compreensão entre as pessoas. É emblemático o encontro dele com um líder árabe o sultão Al-Malik al-Kāmil, isso em pleno século XIII. Enquanto a hierarquia da Igreja motivava as cruzadas que iam contra os mulçumanos para garantir a presença dos cristãos nos Lugares Santos da Palestina, com a força das armas, São Francisco, com a força do diálogo e do testemunho de sua fé em Jesus Cristo garantiu a presença dos cristãos na Terra Santa até os dias de hoje.
Que a memória do dia 11 de setembro de 2001 nos leve a refletir e assumir o diálogo, a solidariedade e a justiça como verdadeiras armas para construir a paz. Não podemos transformar essa celebração dessa memória num pretexto para incitar atitudes de ódio, de preconceito e de vingança. Como afirmou o santo padre Bento XVI ontem, “devemos resistir à tentação do ódio” e “trabalhar na sociedade inspirando-nos nos princípios de solidariedade, de justiça e paz".
“Felizes os que promovem a paz porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9), este é o ensinamento de Jesus, em seu Evangelho e que deve se tornar nosso critério no relacionamento com todas as pessoas.
Frei Marconi Lins, OFM
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