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segunda-feira, 18 de abril de 2011

VIVER COM PROFUNDIDADE A SEMANA SANTA


Iniciamos, ontem, com o Domingo de Ramos ou da Paixão, a Semana Santa que nos leva à celebração do mistério pascal do Senhor Jesus: sua paixão, morte e ressurreição. Como pudemos perceber, pelas leituras proclamadas na liturgia de ontem, Jesus é o Servo sofredor, o “Servo de Javé”, de quem fala o profeta Isaías. É aquele que, ouvindo obedientemente a vontade do Pai, realiza Sua vontade que é vida em abundancia para a humanidade e também para toda criação. Jesus veio refazer a aliança de amor feita por Deus com toda a humanidade, mas quebrada pela desobediência, pelo pecado e pela prepotência dos homens e das mulheres. Por isso, como diz São Paulo na carta aos Filipenses, “ele, existindo em forma divina... despojou-se assumindo a condição de escravo e tornando-se igual ao ser humano. Aparecendo como qualquer homem, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de cruz!” (Fl 2,6-8).

Mesmo sendo Deus, Jesus se fez homem; divino, assumiu nossos pecados; poderoso, pois tudo que existe foi criado pela Sua palavra, fez-se servo de todos, ensinando-nos que o egoísmo, a prepotência, o querer ser maior do que os outros é a causa de tudo de ruim que acontece entre nós: a desunião, a violência, as guerras, a desigualdade, a fome, os preconceitos, enfim o que diariamente enche as manchetes dos jornais e os noticiários dos meios de comunicação!
A vida que Jesus viveu e suas palavras pronunciadas nas ruas, nas sinagogas, no templo de Jerusalém, nas casas, no deserto, mostram claramente que a vida humana pode ser diferente se nós deixamos que Ele oriente nossa vida, isto é, nosso ser e agir de cada dia. Daí porque a semana santa, sobretudo a sexta-feira, não é tempo de luto, pois Jesus morreu e ressuscitou, e não morre mais. Ele está vivo e glorioso à direita do Pai, de onde o aguardamos para a conclusão da história humana, o Dia do Senhor, que só Ele sabe quando será. Mas, enquanto o aguardamos, devemos deixar que nossa vida seja transformada pela Dela. Devemos viver um processo permanente de conversão ao Evangelho. É isso que nos faz novas criaturas, “filhas e filhos de Deus sem defeito, no meio de uma geração má e perversa, na qual brilhais como luzeiros no mundo, apegados firmemente à palavra de vida” (Fl 2,15s).

Aproveitemos os dias desta semana santa para silenciar, meditar e avaliar a qualidade de nossa vida cristã! Estamos no país em que a maioria das pessoas se diz cristã, fala de Cristo e então? Não poderíamos viver melhor? Nosso testemunho de vida não deveria criar impacto numa sociedade cheia de contradições e incoerências onde uns vivem como reis e a maioria como escravos! E todos escravos de um modo de viver onde o dinheiro é o valor maior e até confundido com a segurança da pessoa humana!?

Jesus carregando a cruz, a caminho do calvário continua nos encontrando em nossos caminhos e dizendo: “... não choreis por mim! Chorai por vós mesmos e por vossos filhos!” (cf. Lc 23,28). Jesus não sofre mais, no entanto é grande o sofrimento de muitos homens e mulheres, crianças, jovens e idosos, que vivem na miséria, passam fome, são vítimas da violência, da droga, do desemprego, da falta de condições de morar dignamente, de cuidar da saúde e da falta de esperança e de perspectiva de vida...

Por isso, celebrar a paixão e morte do Senhor é assumir o compromisso com a vida que Jesus nos trouxe do Pai, também a vida do planeta que geme em dores de parto, pela destruição que sofre!

Celebrar a semana santa e o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor é viver uma vida nova onde “dividimos o tempo que recebemos de Deus”, como fazia São Francisco: “uma parte para auxiliar o próximo e outra para a contemplação, isto é, para dedicar a Deus” (cf. 1C 91).

Vivamos intensamente a liturgia desta semana! Que o jejum e a abstinência de carne na sexta-feira santa não sejam somente um costume do passado, um rito vazio de conteúdo, mas um modo de nos solidarizar com um mundo onde a fome ainda mata milhões de irmãos nossos todos dias! Vivamos esta semana no espírito quaresmal de São Francisco, buscado “o mesmo sentir e pensar que de Cristo Jesus” (cf. Fl 2,5).

Paz e Bem para vocêsI
Frei Marconi Lins, OFM

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