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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A REALIDADE NOS INTERPELA

No próximo dia 5 de setembro faz um mês que 33 mineiros chilenos estão soterrados na Mina San José, no deserto do Atacama. Os companheiros que escaparam, gritaram de alegria e logo cantaram ao saber que os que ficaram presos a 700 metros de profundidade estavam vivos e ilesos após o desmoronamento que os prendeu, depois do primeiro contato direto realizado na segunda-feira, dia 23, do mês passado, como mostraram imagens dos noticiários da televisão em todo o mundo.
No domingo passado, dia 29 de agosto, os mineiros soterrados tiveram o primeiro contato telefônico direto com seus familiares. Seus parentes fizeram filas para usar uma cabine especial de telefone. Cada um teve cerca de um minuto para conversar com os familiares.
O drama continua e estamos acompanhando o sofrimento desses 33 mineiros, a apreensão de seus familiares e a tentativa de resgate, envolvendo alta tecnologia e ao mesmo tempo a nossa pequenez diante da grandiosidade da natureza por nós explorada.
Aproveito este momento tão dramático para rezar por esses 33 irmãos nossos, seus familiares e todo povo chileno. Mas não podemos esquecer outros dramas que nos tocam de perto como a destruição causada pelas enchentes em Pernambuco e Alagoas e que continuam interpelando nossa sensibilidade para que se traduzam em gestos concretos de mobilização e solidariedade!
E o que dizer da chacina ocorrida no dia 22 de agosto passado em San Fernando, na fronteira do México com os Estados Unidos que ceifou violentamente a vida de 72 pessoas, 58 homens e 14 mulheres, incluindo algumas crianças e uma grávida que seguiam para os Estados Unidos em busca de dias melhores? Caíram nas mãos de traficantes que os enganaram prometendo atravessá-los do México para os Estados Unidos. Dois brasileiros estão entre as vítimas, incluindo hondurenhos, equatorianos e salvadorenhos!
A cada dia somos surpreendidos por muitas notícias, revestidas de sensacionalismo, mas que revelam a realidade nua e crua de uma humanidade que, apesar do progresso tecnológico alcançado, ainda está longe da paz, da justiça e corre o risco de ficar insensível à dor e ao sofrimento de milhões de pessoas bem como da própria natureza destruída diariamente.
O que fazer para não perdermos a sensibilidade que mobiliza e gera solidariedade? O que fazer para não perdermos a oportunidade de, nós mesmos, sermos instrumento de Deus e mediadores de palavras e gestos que salvam?
É preciso que façamos a experiência evangélica de Francisco de Assis que diante de uma igrejinha em ruínas para, entra e escuta Cristo lhe falando: “Francisco, não vês que minha casa está em ruínas?” Francisco vai, restaura a igrejinha e compreende que a casa a ser restaurada é a humanidade, é cada um de nós arruinados pelo egoísmo e pela insensibilidade! Francisco nos últimos dias de sua vida, ainda queria fazer alguma coisa boa pelo próximo e questionava e motivava a si e a seus frades dizendo: “Irmãos, comecemos a fazer alguma coisa de bom, pois até agora pouco ou nada fizemos!”
Não podemos cruzar os braços e voltarmo-nos para nossos problemas e tornar-nos insensíveis ou deprimirmo-nos! Precisamos abrir os olhos, os ouvidos e o coração e ter os mesmos sentimentos de Cristo Jesus (cf. Fl 2,5) e encontrar mil razões para viver, dando o melhor de nós e tornando-nos instrumento de paz e bem

Frei Marconi Lins, ofm

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