O Papa Francisco recordou neste domingo (14/10) uma regra simples, mas sempre esquecida, nas relações humanas, principalmente quando se trata da vida em família. Sua proposta é usar três palavras-chave: “com licença, desculpa, obrigado!”
“Se numa família se dizem estas três palavras, a família caminha para frente. Com licença, desculpa lá, obrigado! Quantas vezes dizemos obrigado, em família?”, questionou o Papa em sua homilia na Praça São Pedro.
A celebração eucarística neste domingo encerrou momentos intensos de oração diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, que começaram ainda no sábado.
O Santo Padre convidou a contemplar Maria à luz das Leituras da Missa, propondo “três realidades: - Deus surpreende-nos; Deus pede-nos fidelidade; e Deus é a nossa força.
“Deus surpreende-nos. É precisamente na pobreza, na fraqueza, na humildade que Ele Se manifesta e nos dá o seu amor que nos salva, cura e dá força. Pede somente que sigamos a sua palavra e tenhamos confiança n’Ele. Esta é a experiência da Virgem Maria”, disse, referindo-se à primeira leitura.
A segunda Leitura, em que São Paulo exorta Timóteo, a perseverar na fidelidade a Cristo, sugeriu ao Papa o pensamento: Deus pede-nos fidelidade para segui-Lo.
“Muitas vezes é fácil dizer ‘sim’, mas depois não se consegue repetir este ‘sim’ todos os dias. Maria disse o seu ‘sim’ a Deus, um ‘sim’ que transtornou a sua vida humilde de Nazaré, mas não foi o único; antes, foi apenas o primeiro de muitos ‘sins’ pronunciados no seu coração tanto nos momentos felizes, como nos dolorosos… muitos ‘sins’ que culminaram no ‘sim’ ao pé da Cruz’, ensinou o Papa.
Último ponto sublinhado por Francisco: Deus é a nossa força. Aludindo aos dez leprosos purificados por Jesus, no Evangelho, dos quais um só voltou a agradecê-Lo pela cura, o Papa advertiu: “É preciso saber agradecer, louvar o Senhor pelo que faz por nós.” Também aqui, Maria é um modelo perfeito. Visitando a sua prima Isabel, as primeiras palavras que profere são de ação de graças a Deus: “A minha alma enaltece o Senhor”, o Magnificat, um cântico de louvor e agradecimento a Deus, não só pelo que fez n’Ela, mas também pela sua ação em toda a história da salvação. Tudo é dom d’Ele; Ele é a nossa força!
A concluir o Papa convidou a invocar a “intercessão de Maria, para que nos ajude a deixarmo-nos surpreender por Deus sem resistências, a sermos-Lhe fiéis todos os dias, a louvá-Lo e agradecer-Lhe porque Ele é a nossa força.”
O Papa Francisco rezou o seguinte “ato de entrega confiante” a Nossa Senhora de Fátima:
“Bem-aventurada Virgem Maria de Fátima, com renovada gratidão pela tua presença materna, unimos a nossa voz à de todas as gerações que te proclamam bem-aventurada.
Celebramos em ti as grandes obras de Deus, que nunca se cansa de inclinar-se com misericórdia sobre a humanidade afligida pelo mal e ferida pelo pecado, para curar e salvar.
Acolhe com benevolência de Mãe o ato de entrega que hoje te fazemos confiadamente…
Temos a certeza de que cada um de nós é precioso aos teus olhos…
Acolhe nos teus braços a nossa vida, abençoa e reforça todos os desejos de bem;
aviva e alimenta a fé; apoia e ilumina a esperança; suscita e anima a caridade,
guia a todos nós no caminho da santidade.
Ensina-nos o teu próprio amor de predileção pelos pequenos e pelos pobres, pelos marginalizados e pelos que sofrem, pelos pecadores e pelos extraviados do coração; Congrega todos sob a tua proteção e entrega todos ao teu dileto Filho, o Nosso Senhor Jesus”!.
FÁTIMA NO VATICANO
A Imagem de Nossa Senhora de Fátima, na sua chegada ao Vaticano, fez uma breve passagem pela residência do Papa Emérito Bento XVI, sendo depois recebida pelo seu sucessor, Papa Francisco, na Casa de Santa Marta. Às 17 horas de Roma teve início o momento de oração mariana. A seguir, foi receitado o terço e o Papa Francisco, na sua homilia, afirmou, desde logo, que “Maria leva-nos sempre a Jesus. É uma mulher de fé, uma verdadeira crente. Como foi a fé de Maria?” O Papa Francisco apresentou três elementos fundamentais da fé da Mãe de Jesus:
“O primeiro elemento da sua fé é este: a fé de Maria desata o nó do pecado. O que significa isto? Os Padres conciliares retomaram uma expressão de Santo Ireneu, que diz: “O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; aquilo que a virgem Eva atara com a sua incredulidade, desatou-o a virgem Maria com a sua fé”
O Santo Padre deixou claro que quando não escutamos a Deus, não seguimos a Sua vontade e realizamos ações concretas em que demonstramos falta de confiança n’Ele – isto é o pecado –, forma-se uma espécie de nó dentro de nós. Estes nós tiram-nos a paz e a serenidade. São perigosos, porque de vários nós pode resultar um emaranhado, que se vai tornando cada vez mais penoso e difícil de desatar.
“Maria com o seu ‘sim’, abriu a porta a Deus para desatar o nó da desobediência antiga, é a mãe que, com paciência e ternura, nos leva a Deus, para que Ele desate os nós da nossa alma com a sua misericórdia de Pai.”
Em seguida, o Papa Francisco apresentou o segundo elemento da fé de Maria:
“Segundo elemento: a fé de Maria dá carne humana a Jesus. Diz o Concílio: “Acreditando e obedecendo, gerou na terra, sem ter conhecido varão, por obra e graça do Espírito Santo, o Filho do eterno Pai”.
“Ele vem habitar em nós, porque faz morada naqueles que O amam e observam a sua palavra.”
Crer em Jesus, continuou o Santo Padre, significa oferecer-Lhe a nossa carne, com a humildade e a coragem de Maria, para que Ele possa continuar a habitar no meio dos homens; significa oferecer-Lhe as nossas mãos, para acariciar os pequeninos e os pobres. E avançou com o terceiro e último elemento da fé de Maria:
“O último elemento é a fé de Maria como caminho: o Concílio afirma que Maria ‘avançou pelo caminho da fé’. Por isso, Ela nos precede neste caminho, nos acompanha e sustenta.”
Em que sentido a fé de Maria foi um caminho? – pergunta o Papa Francisco – e como resposta disse toda a vida de Maria foi seguir o seu Filho: Ele é a estrada, Ele é o caminho! Progredir na fé – diz o Papa – é avançar nesta peregrinação espiritual que é a fé, é nada mais nada menos que seguir a Jesus; ouvi-Lo e deixar-se guiar pelas suas palavras; ver como Ele se comporta e pôr os pés nas suas pegadas, ter os Seus próprios sentimentos e atitudes: humildade, misericórdia, solidariedade, mas também firme repulsa da hipocrisia, do fingimento, da idolatria. E o Santo Padre referiu um momento fundamental da fé de Maria e da nossa fé:
“Na noite de Sábado Santo, Maria esteve de vigia. A sua chamazinha, pequena mas clara, esteve acesa até ao alvorecer da Ressurreição; e quando lhe chegou a notícia de que o sepulcro estava vazio, no seu coração alastrou-se a alegria da fé, a fé cristã na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Este é o ponto culminante do caminho da fé de Maria e de toda a Igreja. Como está a nossa fé? Temo-la, como Maria, acesa mesmo nos momentos difíceis, de escuridão? Tenho a alegria da fé?”