No último final de semana a imprensa internacional nos deu a conhecer o atentado a um prédio do governo norueguês e em seguida um massacre a um grupo de pessoas que, numa ilha, participava de um encontro da juventude socialista daquele país. As vitimas fatais foram 93! O principal acusado do ato terrorista tem 32 anos, e segundo informações da imprensa, define-se como um fundamentalista cristão, islamófobo e ultradireitista, admitiu sua participação no massacre em interrogatórios policiais, onde qualificou sua ação de "atroz, mas necessária"!
A violência que ganha repercussão e manchete internacional, está bem presente e junto a todos nós, aqui também, muitas vezes dentro de casa, e sempre encontra uma razão para destruir, matar e ferir não só o corpo, mas o espírito da humanidade e comprometer nossa esperança.
Certamente que as causas da violência são muitas e a própria violência tem muitas faces como podemos perceber observando atentamente onde ela acontece.
Em nossa realidade brasileira, a violência no campo é provocada principalmente pela falta de uma reforma agrária verdadeira. Já a violência nos centros urbanos é motivada pela desigualdade social, pela falta de investimento em moradia digna, em saneamento básico e educação! A violência da droga e do crime organizado que dela decorre e que atinge principalmente a juventude, não escolhendo classe social, afeta sobretudo os mais pobres que tem seus bairros transformados em centro de distribuição de drogas e quartel-general dos traficantes. Estes são alguns indicadores principais, entretanto a realidade da violência é muito mais complexa e exige reflexão permanente principalmente em nível familiar. Esta, no entanto, é a maior vítima da própria violência em todos os níveis!Certamente que as causas da violência são muitas e a própria violência tem muitas faces como podemos perceber observando atentamente onde ela acontece.
Ao longo da história da humanidade, e dentro dela a Igreja, encontramos pessoas que viveram profundamente a bem-aventurança dos pacíficos como foi o caso de Francisco de Assis no século XIII.
No próximo mês de outubro, precisamente no dia 27, celebraremos 25 anos do histórico encontro de João Paulo II e líderes de muitas religiões para rezar pela paz, na cidade de São Francisco, Assis. Esse encontro ficou conhecido como o Espírito de Assis, pois ficou claro para os líderes das religiões que lá se encontraram que a paz só pode ser construída e alcançada quando o nosso coração se abre para o diálogo com todos mas fundamentada pela oração que é diálogo com Deus.
Ao abrir a celebração do espírito de Assis, 25 anos atrás, o hoje beato João Paulo II afirmava: “Eu escolhi esta cidade de Assis, como lugar para o nosso Dia de Oração pela Paz, por causa do significado especial do santo homem venerado aqui – São Francisco de Assis – conhecido e venerado por muitos em todo o mundo como símbolo de paz, de reconciliação e de fraternidade.” E no dia 1º de janeiro deste ano, o papa Bento XVI anunciava: "... em outubro próximo devo ir como peregrino à cidade de São Francisco, e convido os meus irmãos cristãos das várias denominações, os representantes das várias tradições religiosas do mundo e, de maneira geral, todos os homens e mulheres de boa vontade, para participar desta Romaria. Ela tem por objetivo comemorar o histórico ato, desejado por meu predecessor, e solenemente renovar o compromisso dos fiéis de cada religião de viver a própria fé religiosa como um serviço à causa da paz".
O tema da celebração do dia 27 de outubro deste ano em Assis é: “Peregrinos da Verdade, Peregrinos da Paz”. Seguindo o exemplo e as pegadas de Francisco e Clara de Assis, todos são chamados a fazer e construir o caminho da paz como peregrinos, a rezar e a jejuar por mais justiça em nosso mundo! Somos chamados ao diálogo com o outro, num esforço comum para descobrir formas criativas de construir a paz em nosso tempo.
Faça também sua parte para viver dentro de si, em sua família e em sua comunidade o Espírito de Assis que nos faz bem-aventurados, filhos e filhas de Deus (cf. Mt 5,9) por promovermos a paz.
Frei Marconi Lins, OFM