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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

EXPECTATIVAS

Todos os dias, através dos meios de comunicação, ficamos sabendo que são muitas as expectativas do comércio e da indústria em relação ao aumento das vendas de Natal e final de ano. O comércio faz novas contratações de funcionários, na maioria temporária, e as indústrias aumentam o ritmo da produção para atender ao crescimento dos pedidos de mercadorias. Não podemos negar a importância desta realidade que faz crescer a economia de nosso país e também melhorar a situação da classe trabalhadora, apesar da realidade de desigualdade gritante em que vivemos!
Neste panorama agitado de final de ano, grandes questões vão sendo decididas ou empurradas para depois e que escapam à reflexão e ao envolvimento da maioria do povo brasileiro como, por exemplo, a votação do projeto de reforma do Código Florestal brasileiro, a demarcação e homologação das terras ancestrais dos indígenas, como asseguram nossa Carta Magna, o combate à corrupção, as grandes obras para a Copa e suas contradições, e tantos outros assuntos e desafios que não podem passar despercebidos, pois deles dependem nossa condição de povo livre e corresponsável pelo bem não só de nosso país, mas de nossa casa comum, o planeta Terra.

Para nós cristãos e parti cularmente para nós católicos, cujo calendário já assinala que estamos num novo ano litúrgico e a caminho da celebração do Natal do Senhor, é grande o clima de expectativa, na perspectiva de nossa fé na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Quais são as nossas expectativas para o Natal que se aproxima e mesmo para o início de mais um ano civil? Estamos no mundo e não podemos fugir da realidade! Mas uma coisa é certa: a ótica com a qual percebemos a realidade e como nela devemos agir é a nossa fé em Jesus Cristo, que se fez igual a nós em tudo, menos no pecado. Nossas expectativas remontam às do povo da Primeira Aliança, ao Israel primitivo, que acreditava na intervenção de Deus em sua história, marcada pelo pecado e a injustiça, e a vinda de um novo tempo de paz, justiça e harmonia entre os povos, com a chegada do Messias, trazendo o Reino de Deus. Para nós a primeira vinda de Cristo, pelo mistério da encarnação já nos trouxe a realização destas promessas feitas a nossos pais da fé, embora ainda não acontecidas plenamente por causa da dureza de nossos corações e falta de empenho em viver a mensagem do Evangelho na realidade concreta de nossas vidas.
Nós cristãos vivemos um advento permanente, na expectativa fundamental de nossa fé. Vivemos no já e ainda não do acontecimento do Reino de Deus em nossa história humana. Esta realidade da fé cristã, longe de nos alienar das realidades da terra, nos compromete com a preparação da segunda vinda de Cristo, trabalhando intensamente para construir na história humana, um novo relacionamento entre nós e com toda a criação, pois somos todos filhos de Deus e tudo o que existe procede de Seu poder amoroso.

Por isso, em nossa oração, marcada pela verdadeira expectativa da vinda do Senhor, pedimos para que nenhuma atividade humana nos impeça de correr ao encontro do Cristo que vem, e ao mesmo tempo pedimos para que o Pai nos ensine a julgar com sabedoria os valores terrenos e colocar nossas esperanças nos bens eternos.

Nossa expectativa cristã é orientada por esta perspectiva de fé, única para nós, capaz de dar sentido à vida humana e de estabelecer verdadeiras expectativas para toda humanidade.

Frei Marconi Lins, OFM
Ministro Provincial

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