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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

SANTA CLARA DE ASSIS

Eu gostaria de destacar três pequenos pontos do Carisma de Clara que podem nos servir para nós também, homens e mulheres, leigos ou religiosos, sacerdotes, bispos ou Papa, que estão neste mundo precisando, a cada dia, renovar o nosso fervor e o nosso amor. Encher nosso coração com aquilo que precisa novamente para ser renovado: a graça e a força de Deus.

Primeiro ponto:
Clara foi uma mulher que aprendeu a considerar a vida como obra do Senhor. E, por isso, quando ela escreve o seu Testamento, a primeira lembrança que traz consigo e que deixa muito bem expressa para suas irmãs é o seguinte: Acima de tudo devemos dar graças ao Senhor, porque Ele foi bondoso para conosco, Ele cuidou de nós, Ele colocou no nosso coração a chama do ideal. Foi Ele quem fez com que nós aprendêssemos e descobrissemos que tudo o que o mundo oferece é importante, mas servir a Ele e darmo-nos a Ele é a melhor coisa e foi a melhor coisa do mundo. O testamento a gente não escreve no começo da vida; normalmente se escreve no final da vida.
Por isso, olhando para toda a sua vida, mesmo no meio dos sofrimentos pelos quais ela passou, em grande parte de sua vida, no seu corpo, na sua doença, mesmo olhando para tudo isso, teve um coração aberto para a bênção, para a gratidão e para o reconhecimento da bondade do Senhor. Acho que nós não podemos viver bem a nossa vida sem termos um pouco desta atitude grandiosa e reconhecer, haja o que houver, o Senhor sempre é extremamente bondoso para com cada um de nós. Sempre, sempre! E se a gente tiver esta atitude, muitas de nossas lamuriazinhas, muitas dificuldades de cada dia, vão passar para um segundo plano, porque vamos olhar a nossa vida sob o horizonte do Senhor e não sob o horizonte das nossas enxaquecas e das nossas "coisinhas de cada dia". Não! O Senhor é que nos chamou e nos colocou aqui para servi-Lo de todo o coração. Este é um pensamento importante, sobretudo porque gostamos de ver a vida pelo lado negativo. Gostamos de ver a vida pelas suas dificuldades e não pelos desafios e pelo quanto o Senhor está presente no meio destes desafios.

O segundo ponto: Clara soube se retirar, se recolher. Ela era responsável pela construção da sua vida espiritual, mas também descobriu que não estava servindo ao Senhor para se proteger e defender dos outros. Clara foi a mulher que escolheu a vida contemplativa mas não escolheu a vida solitária. Ela escolheu a vida contemplativa e a vida em fraternidade. Em comunhão com as suas irmãs, porque todas estavam imbuídas de um mesmo ideal, de uma mesma força, de um mesmo vigor. Este Vigor com o qual elas olhavam para o seu Senhor e entravam em comunhão com Ele. Esse vigor inspirava a elas a entrarem também em comunhão umas com as outras, para poderem ali descobrir como o Senhor ia fazendo grandes coisas também no coração das outras companheiras. Então, Clara é alguém que vai para o claustro, mas vai também para o coração de suas irmãs. É alguém que opta para viver a sua vida em fraternidade. Em comunhão com os outros. Penso que a modernidade vive um pouco a religiosidade indidivualizada e individualista: "Eu preciso do meu Deus, eu quero, eu peço, eu suplico, assim por diante. Devagarzinho vamos até criando, em muitos momentos, a Igreja que é a minha. E vamos perdendo o senso do comum. O senso de que nós somos uma comunidade, e que não se vive bem a vida cristã e o batismo se não formos inseridos numa comunidade. Se não formos inseridos num lugar onde nos espelhamos também nos outros e os outros se espelham em nós. É muito fácil a gente viver a religião, individualisticamente. É muito difícil viver a religião com os outros. Clara, aprendeu muito bem a fazer esta espécie de sintonia com Deus, sim, totalmente absorvida em Deus, mas também totalmente dedicada à escuta da revelação de Deus nos outros. Isso que é viver a vida fraterna. Como é que Deus fala também nos outros e nas outras?

Terceiro ponto: Não construimos nada de verdadeiramente cristão se não for a partir da Palavra. Somente a partir da Palavra do Senhor descobrimos o valor dos sacramentos. Ele pode não estar tão visível aos nossos olhos mas podemos sentir sempre pelo nosso coração, pela nossa vida, que o Senhor não nos abandona.
Em muitos dos momentos que Clara e suas companheiras se sentiram, sobretudo, ameaçadas, a grande mensagem de Clara foi sempre esta: devemos confiar no Senhor. Ele nunca nos abandonou e também, diante dos inimigos, não nos abandonará. O Senhor é mais forte do que nós. Não adianta querermos substituir as decisões dele. É importante que a gente deixe o Senhor tomar as decisões em nosso lugar e a favor de nós. Mas para isso precisamos ter essa clareza de que a sua Palavra é mais do que tudo. E se Ele sempre de novo foi fiel, também será fiel agora. O santo, santa, é alguém assim completamente desarmado e livre. Sabe que o Senhor, Deus bondoso, está com ele, está com ela, e por isso é o Tudo de suas vidas. Que Santa Clara nos ajude a vivermos assim o nosso jeito de ser cristão, discípulo, missionário!


Frei Salésio Hillesheim
Texto extraído do link abaixo por ocasião da Festa de Santa Clara. http://www.franciscanos.org.br/v3/noticias/reportagensespeciais/2010/missastclara_0810/

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