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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

FRANCISCANOS PELA ELIMINAÇÃO DA HANSENÍASE

Por Aguinaldo Ap. Campos.

São Paulo – (SP) A “Escola Municipal Frei Guido”, em Mirueira, no município de Paulista, recebeu os primeiros 65 capacitandos do “Projeto Franciscanos pela Eliminação da Hanseníase”, da Província de Santo Antonio do Brasil, no dia 09 de agosto. Logo cedo, entusiasmados, já chegavam ao local onde a atividade se realizaria. Ali, já aguardavam a coordenadora estadual do programa de controle da Hanseníase de Pernambuco, Ana Wylma, a coordenadora municipal do programa de controle da Hanseníase, Silvia Rocha, e a gerente do programa de controle da Hanseníase estadual, Sra. Zuleide. O Sr. Bosco, responsável pela articulação do evento, abriu o encontro enaltecendo a oportunidade que se apresentava para os presentes nas suas mais variadas atividades. A coordenadora estadual, Sra. Ana Wylma, exaltou a oportunidade de trabalho com os franciscanos dizendo acreditar que será de grande ajuda no trabalho de difusão das informações sobre a Hanseníase e que, por esse motivo, ali estava para agradecer e encorajar os participantes. Precisando se ausentar, pois também participaria de ações com gestores e profissionais de saúde do sertão pernambucano, ela se despediu desejando sucesso para o encontro e se colocando à disposição dos participantes. Em seguida, a coordenadora municipal, Sra. Silvia, fez um relato da situação da Hanseníase no estado de Pernambuco apresentando os números de casos nos municípios mais endêmicos. Ela ressaltou a necessidade de trabalho em parceria para ajudar a diagnosticar precocemente a doença no estado que é um dos mais endêmicos do país. Os participantes queriam expressar suas dúvidas e angústias, sobretudo, os Agentes Comunitários de Saúde. Algumas questões foram-lhes respondidas, mas foi dado o encaminhamento de deixar o debate para o final, após a capacitação de todos.







Reciclando ideias sobre a Hanseníase


Evocando seu apreço pela missão dos professores também ali presentes, a assessora do programa estadual de controle da Hanseníase, a enfermeira Neide, passou à capacitação, envolvendo a todos com a dinâmica das explicações. De forma cativante, simples e direta, ela conseguiu tocar a cada um explicando o que é, como se transmite, quais são os sinais e os sintomas e, sobretudo, como é realizado o tratamento. Insistiu que a Hanseníase tem cura e que isso deve ser entendido como a interrupção da transmissão do bacilo de Hansen sendo, portanto, necessário o acompanhamento constante do paciente para que não desenvolva incapacidades físicas futuras. Entremeando teoria e relatos de experiência, Neide conseguiu a atenção e participação de todos alertando que o preconceito em relação à doença também deve ser atacado. Muitos foram os casos e situações utilizados por ela para exemplificar e mostrar a Hanseníase como uma enfermidade que pode e deve ser tratada o quanto antes e que não precisa ser pensada como um “bicho de sete cabeças”. Em muitos momentos, comparações surgiram espontaneamente: “Minha gente, esses acontecimentos tristes aí, na televisão, desse rapaz que matou a moça porque não queria o filho que ela estava esperando. Coitado, não percebeu que um filho é uma bênção de Deus. E o que ele deu a ela? A morte. Ele deveria era ter se perguntado: e se ela em vez do filho tivesse me dado o HIV ou a Hepatite B? Alguém perguntaria: e a Hanseníase? Estão vendo, o HIV não tem cura, mata. A Hepatite B não tem cura, mata. A Hanseníase tem cura! Então, porque esse preconceito com os doentes? É nessas coisas que precisamos pensar porque vamos ver que a Hanseníase pode ser combatida e vencida. E os atingidos por ela não precisam se esconder nem ter medo da rejeição social...” ensinava ela.

Mais que um trabalho, uma causa que deve ser abraçada


Após a capacitação, a enfermeira Neide ainda respondeu aos questionamentos de todos e lembrou que os profissionais de saúde estariam à disposição para ajudar sempre que houvessem dúvidas no desenvolvimento do trabalho. Agradecendo pela realização do encontro, Silvia Rocha ainda lembrou que há, certamente, muitos problemas no serviço público de saúde, mas que muita coisa tem mudado e que se deve justamente ao trabalho e dedicação de profissionais como os Agentes Comunitários de Saúde. “A gente também precisa ver os méritos porque, senão, dá a impressão de que nada avança e isso não é verdade. Agora, os excessos, os erros, tudo isso deve ser enfrentado também...”, disse em relação a uma dúvida do Sr. Juliano, ex-hanseniano, representante do MORHAN. O final do encontro já se avizinhava quando o Sr. Bosco louvou a oportunidade de um trabalho novo e importantíssimo que ali se apresentava para a comunidade. Ele passou a palavra ao Sr. Aguinaldo que falou sobre o “Projeto Franciscanos pela Eliminação da Hanseníase” abordando o surgimento do trabalho, seus objetivos, expondo o material didático, especialmente criado para as atividades, e a contribuição social que pode conferir. “Quando nós falamos sobre algo, essa coisa passa a ser esclarecida, deixa de ser vista como aquilo que amedronta. O ser humano teme o que desconhece e, por isso, a Hanseníase ainda carrega um estigma bíblico. Precisamos e contamos com todos para fazer com que essa enfermidade seja conhecida, difundida. Quanto mais informação levarmos, mais contribuiremos para o fim do preconceito em relação a ela. Quem se dedica ao combate dessa enfermidade costuma dizer que não é por acaso e que não se trata somente de um trabalho, mas do abraçar uma causa. Por isso, o que peço a vocês hoje é isto: Hanseníase tem cura, vamos abraçar esta causa e contribuir para que um dia possamos ver eliminada essa doença em nosso país!”, encerrou. O Sr. Bosco encerrou o encontro agradecendo a todos e chamando a atenção para a concretização das ações a partir dali. Uma mesa farta aguardava os presentes que saíram entusiasmados pela oportunidade de participarem da construção desse novo trabalho. Foram capacitadas ao final dessa manhã 65 pessoas: 31 Agentes Comunitários de Saúde, entre eles, 01 odontólogo; 13 professores e a diretora da Escola Municipal; 10 líderes pastorais (grupos de evangelização e catequese); 05 representantes da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Recife e Olinda e 05 representantes do Centro Comunitário e da Associação de Egressos da Mirueira.

Texto extraído do site:
http://www.franciscanos.org.br/v3/hanseniase/noticias/especiais/2010/recife_0810/


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

SANTA CLARA DE ASSIS

Eu gostaria de destacar três pequenos pontos do Carisma de Clara que podem nos servir para nós também, homens e mulheres, leigos ou religiosos, sacerdotes, bispos ou Papa, que estão neste mundo precisando, a cada dia, renovar o nosso fervor e o nosso amor. Encher nosso coração com aquilo que precisa novamente para ser renovado: a graça e a força de Deus.

Primeiro ponto:
Clara foi uma mulher que aprendeu a considerar a vida como obra do Senhor. E, por isso, quando ela escreve o seu Testamento, a primeira lembrança que traz consigo e que deixa muito bem expressa para suas irmãs é o seguinte: Acima de tudo devemos dar graças ao Senhor, porque Ele foi bondoso para conosco, Ele cuidou de nós, Ele colocou no nosso coração a chama do ideal. Foi Ele quem fez com que nós aprendêssemos e descobrissemos que tudo o que o mundo oferece é importante, mas servir a Ele e darmo-nos a Ele é a melhor coisa e foi a melhor coisa do mundo. O testamento a gente não escreve no começo da vida; normalmente se escreve no final da vida.
Por isso, olhando para toda a sua vida, mesmo no meio dos sofrimentos pelos quais ela passou, em grande parte de sua vida, no seu corpo, na sua doença, mesmo olhando para tudo isso, teve um coração aberto para a bênção, para a gratidão e para o reconhecimento da bondade do Senhor. Acho que nós não podemos viver bem a nossa vida sem termos um pouco desta atitude grandiosa e reconhecer, haja o que houver, o Senhor sempre é extremamente bondoso para com cada um de nós. Sempre, sempre! E se a gente tiver esta atitude, muitas de nossas lamuriazinhas, muitas dificuldades de cada dia, vão passar para um segundo plano, porque vamos olhar a nossa vida sob o horizonte do Senhor e não sob o horizonte das nossas enxaquecas e das nossas "coisinhas de cada dia". Não! O Senhor é que nos chamou e nos colocou aqui para servi-Lo de todo o coração. Este é um pensamento importante, sobretudo porque gostamos de ver a vida pelo lado negativo. Gostamos de ver a vida pelas suas dificuldades e não pelos desafios e pelo quanto o Senhor está presente no meio destes desafios.

O segundo ponto: Clara soube se retirar, se recolher. Ela era responsável pela construção da sua vida espiritual, mas também descobriu que não estava servindo ao Senhor para se proteger e defender dos outros. Clara foi a mulher que escolheu a vida contemplativa mas não escolheu a vida solitária. Ela escolheu a vida contemplativa e a vida em fraternidade. Em comunhão com as suas irmãs, porque todas estavam imbuídas de um mesmo ideal, de uma mesma força, de um mesmo vigor. Este Vigor com o qual elas olhavam para o seu Senhor e entravam em comunhão com Ele. Esse vigor inspirava a elas a entrarem também em comunhão umas com as outras, para poderem ali descobrir como o Senhor ia fazendo grandes coisas também no coração das outras companheiras. Então, Clara é alguém que vai para o claustro, mas vai também para o coração de suas irmãs. É alguém que opta para viver a sua vida em fraternidade. Em comunhão com os outros. Penso que a modernidade vive um pouco a religiosidade indidivualizada e individualista: "Eu preciso do meu Deus, eu quero, eu peço, eu suplico, assim por diante. Devagarzinho vamos até criando, em muitos momentos, a Igreja que é a minha. E vamos perdendo o senso do comum. O senso de que nós somos uma comunidade, e que não se vive bem a vida cristã e o batismo se não formos inseridos numa comunidade. Se não formos inseridos num lugar onde nos espelhamos também nos outros e os outros se espelham em nós. É muito fácil a gente viver a religião, individualisticamente. É muito difícil viver a religião com os outros. Clara, aprendeu muito bem a fazer esta espécie de sintonia com Deus, sim, totalmente absorvida em Deus, mas também totalmente dedicada à escuta da revelação de Deus nos outros. Isso que é viver a vida fraterna. Como é que Deus fala também nos outros e nas outras?

Terceiro ponto: Não construimos nada de verdadeiramente cristão se não for a partir da Palavra. Somente a partir da Palavra do Senhor descobrimos o valor dos sacramentos. Ele pode não estar tão visível aos nossos olhos mas podemos sentir sempre pelo nosso coração, pela nossa vida, que o Senhor não nos abandona.
Em muitos dos momentos que Clara e suas companheiras se sentiram, sobretudo, ameaçadas, a grande mensagem de Clara foi sempre esta: devemos confiar no Senhor. Ele nunca nos abandonou e também, diante dos inimigos, não nos abandonará. O Senhor é mais forte do que nós. Não adianta querermos substituir as decisões dele. É importante que a gente deixe o Senhor tomar as decisões em nosso lugar e a favor de nós. Mas para isso precisamos ter essa clareza de que a sua Palavra é mais do que tudo. E se Ele sempre de novo foi fiel, também será fiel agora. O santo, santa, é alguém assim completamente desarmado e livre. Sabe que o Senhor, Deus bondoso, está com ele, está com ela, e por isso é o Tudo de suas vidas. Que Santa Clara nos ajude a vivermos assim o nosso jeito de ser cristão, discípulo, missionário!


Frei Salésio Hillesheim
Texto extraído do link abaixo por ocasião da Festa de Santa Clara. http://www.franciscanos.org.br/v3/noticias/reportagensespeciais/2010/missastclara_0810/

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