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segunda-feira, 3 de maio de 2010

MARIA NA ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA


Estamos em maio mês das manifestações populares de devoção à mãe de Jesus, Maria Santíssima. No passado, mais do que hoje, as famílias em casa, nos povoados, nas pequenas e grandes cidades celebravam novenas, rezavam o terços, faziam procissões e coroações para manifestar sua devoção a Nossa Senhora. Era comum vermos uma bandeira branca no alto de um mastro diante das casas na zona rural, indicando que ali se estava homenageando a mãe do Salvador. Apesar de todas as mudanças ocorridas nos costumes e mesmo no panorama religioso de nosso país, Maria continua sendo muito lembrada e celebrada, como nos comprova a devoção crescente seja nos santuários marianos seja onde é incentivado o amor filial à Maria de Nazaré. Nossa espiritualidade franciscana também tem algo a dizer aos que amam a Virgem Maria e aos que ainda não descobriram a riqueza da devoção à Mãe de Jesus. A devoção de São Francisco a Maria, vivida oito séculos atrás, carrega uma riqueza e intuição riquíssima que tem muito a ensinar e a nos dizer hoje. Ele a vê dentro do desígnio salvador do Pai que enviando Seu Filho a nós, fez-nos todos seus filhos e participantes do plano amoroso e salvífico em relação a toda a humanidade e toda a criação. O primeiro biografo de São Francisco, Frei Tomás de Celeno, assim descreve a devoção de Francisco para com a Virgem Maria: “Tinha um amor indizível à Mãe de Jesus, porque fez nosso irmão o Senhor da majestade. Consagrava-lhe louvores especiais, orações, afetos, tantos e tais que uma língua humana nem pode contar” (2Cel 198). Francisco contempla Maria dentro do mistério da Salvação vinculada ao mistério da Encarnação de Jesus e unida à missão redentora do Filho de Deus. Maria está plenamente voltada para o mistério da Trindade, agraciada como filha do Pai, Mãe do Filho de Deus e esposa do Espírito Santo. Ela foi escolhida pelo Pai e sob o influxo do Espírito Santo torna-se Mãe do Filho Unigênito de Deus. A devoção de Francisco a Maria tem suas raízes no ensinamento da Igreja de sua época e da tradição mariana medieval. Parece que Francisco foi a primeira pessoa a designar Maria de “Esposa do Espírito Santo”, como ele reza na antífona do Ofício da Paixão: “Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo semelhante a vós, filha e serva do Altíssimo Rei e Pai celestial, mãe de nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo...” (OfP). Para Francisco, Maria está plenamente comprometida com o plano de Salvação do Pai, realizado em Jesus, o Salvador. Com ela aprendemos a nos comprometer com a vontade do Pai, e assim, contemplando seu exemplo de Mãe e fiel discípula de Cristo, compreendemos porque Francisco a louva dizendo: “Salve, ó Senhora santa, Rainha santíssima, Mãe de Deus, ó Maria, que sois Virgem feita Igreja”.

Frei Marconi Lins, OFM

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