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terça-feira, 20 de abril de 2010

REFLEXÃO

Somos testemunhas de uma sucessão de acontecimentosque têm marcado a história humana num período relativamente curto de tempo. Tomo como acontecimento de referencia o terremoto do Haiti, no início deste ano e outras catástrofes naturais aqui mesmo no Brasil, como as chuvas no sudeste e outras regiões, trazendo destruição e morte. Os terremotos no Chile a na China, as mudanças climáticas que temos sentido, e ultimamente a erupção de um vulcão na Islândia, que parou o tráfico aéreo na Europa, afetando milhares de pessoas, mostram o poder da natureza e aquilo que temos que compreender e respeitar: a Terra, nosso planeta, nossa casa comum, é um ser vivo em constante mutação! Assim como nós que diariamente passamos por transformações causadas pela morte e o nascimento de células num processo misterioso e belo que marca o ciclo da vida, nosso planeta está em constante ebulição!
Imaginem quanto a humanidade já mexeu na face da terra, tirando seus frutos, plantando alimentos, e com o progresso que fomos adquirindo, buscamos minérios, extraímos uma quantidade incalculável de petróleo, consumimos uma quantidade inimaginável de água e o pior, destruímos florestas inteiras, poluímos as águas das fontes, dos rios, dos lagos, do mar e envenenamos o atmosfera! Se é verdade que muita coisa tem a ver com o crescimento da população mundial, o “xis”da questão está numa concepção de progresso orientado pelo interesse do lucro, da acumulação de riquezas. Há pouco terminamos a Campanha da Fraternidade Ecumênica que nos colocou a par dessa situação quanto nos fazia refletir sobre a Economia e Vida, e nos fazia ouvir a palavra profética de Jesus: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”(Mt 6,24 ).
Diante de tudo isso, da ameaça que recai sobre todos nós, pois não podemos ficar assistindo o sofrimento dos outros e imaginando que nada acontecerá conosco, o que podemos ainda fazer? Estamos todos interligados neste planeta e tudo o que acontece de bom ou ruim, de alguma forma atinge a todos! Então que atitudes tomar para salvar a vida em toda sua diversidade?
Temos o exemplo de um homem que viveu no século XIII, na Itália, e que logo cedo descobriu que não podemos viver neste mundo sem nos relacionar intimamente com nossos semelhantes, com os demais seres e com toda a criação. Seu nome, creio que vocês já sabem: Francisco de Assis! Talvez muita gente ache ingênuo quando ele chama a Terra de “nossa irmã e mãe” porque “ela nos sustenta e governa, e produz frutos diversos, e coloridas flores e ervas”, mas ao ver em todos as criaturas irmãs e irmãos, Francisco vive sua relação com todas as criaturas não só por terem sido criadas por Deus mas porque pertencem a Ele, que é Pai e ama a todas.
Sem essa sensibilidade franciscana, a vida em nosso planeta, nossa relação com as criaturas e com as forças da natureza que geram vida e também matam, será uma luta desigual, quando pode ser uma convivência fraterna, marcada por tensões, mas que jamais nos colocará contra a criação, contra a natureza.
Vamos fazer essa reflexão e tirar conseqüências concretas para nossa vida, começando dentro de nossa casa, em nossa família. Perguntemo-nos como me relaciono com a criação? De que forma trato as criaturas criadas por Deus para que a vida humana exista neste planeta Terra?
E com Francisco digamos: Louvado sejas, meu Senhor, por todas as tuas criaturas!

Frei Marconi Lins, OFM

segunda-feira, 5 de abril de 2010

VIVER A PÁSCOA

Estamos no tempo da Páscoa! O Senhor ressuscitou e venceu a morte e o pecado! Ser cristão é ser testemunha da ressurreição de Jesus, todos os dias, em todas as situações, mesmo naquelas em que parece impossível testemunhá-la. Aqui lembro o texto do Evangelho de São João, no qual Jesus chega à casa de Maria e Marta cujo irmão, Lázaro, havia morrido há quatro dias. Marta ao encontrar-se com Jesus afirma: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”(Jo 11,21). Ao que Ele responde:“Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim ainda que esteja morto viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre. Crês nisso?”(Jo 11,25s).
A fé em Jesus Cristo nos faz participar de Sua vida e de Seu destino! Foi o que vivemos nestes dias, particularmente na sexta, sábado e domingo santos e que o apóstolo São Paulo afirma com toda convicção: “Eu lhes transmiti aquilo que eu mesmo recebi, isto é: Cristo morreu por nossos pecados, conforme as Escrituras; ele foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, apareceu a Pedro e depois aos Doze” (cf. 1Cor 15,3-5).
Ontem no evangelho do dia de Páscoa, ouvimos o relato do túmulo vazio: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena vai ao sepulcro, de madrugada, quando ainda estava escuro e vê que a pedra fora retirada do sepulcro”(Jo 20,1). Ela corre e avisa a Pedro e João que vêem correndo e, segundo o relato evangélico, vêem e acreditam! (Jo 20,8).
Acreditar e testemunhar Jesus ressuscitado não é provar que o túmulo de Jesus estava vazio, sem seu corpo e querer demonstrar cientificamente o fato da ressurreição, mas é provar com a vida unida à de Jesus e testemunhar com essa vida nova, renascida da graça do Batismo, que a vida só tem sentido quando vivida para fazer o bem e construir os valores do Evangelho em todas as dimensões da realidade humana: na família, no estudo, no trabalho, na política, no lazer, na Igreja, no compromisso com a paz, a justiça e a preservação do meio ambiente.
Acreditar e testemunhar Jesus ressuscitado não é provar o que se passou com Jesus a dois mil anos atrás, mas é tornar atual a força de Sua ressurreição em nossa vida e em nossa sociedade hoje, concretamente. É mostrar com a vida, como fizeram os apóstolos de Jesus, que Ele passou pelo mundo fazendo o bem a todos (cf. At 10,38) e por isso nós lutamos para continuar fazendo hoje, o bem que Ele fez, iluminados pela Sua Palavra, fortalecidos pela Eucaristia que nos sustenta e celebra diariamente a Morte e a Ressurreição do Senhor.
O tempo Pascal que se estende por cinqüenta dias, até o Domingo de Pentecostes, representa o tempo que vai do nascimento da Igreja até o final dos tempos, em que nós cristãos devemos testemunhar que Jesus está vivo e é o Senhor da história!

Frei Marconi Lins, OFM
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