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sexta-feira, 23 de julho de 2010

PERGUNTAS QUE MOVEM NOSSA VIDA

Certa vez vi uma propaganda que dizia: “o que move o mundo são as perguntas e não as respostas”. De fato, ao sermos provocados pelas perguntas e interpelações da realidade, e ao buscarmos respondê-las, provocamos mudanças, encontramos novas maneiras de enfrentar os problemas, inventamos tecnologias que facilitam nossa vida... Aplicando tudo isso à realidade da fé, somos diariamente questionados pela Palavra de Deus que nos interpela a promover e defender a vida, a construir a comunhão entre as pessoas e cuidar da realidade criada, obra amorosa do Altíssimo e Bom Senhor!
Foi o que aconteceu nos dias 9 a 13 de julho passado quando nos reunimos para realizar nossa Assembleia Missionária, nós, frades desta Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil e leigos/as das comunidades paroquiais onde atuamos, da Ordem Franciscana Secular (OFS), da Juventude de nossas Paróquias, de nossas Ações Solidárias e um representante dos Ex-alunos do Seminário Seráfico de Ipuarana. Éramos 67 frades e 41 leigos/as. Nossa previsão era de que participassem 99 frades e 48 leigos/as.
Nos dias 9 a 11 convivemos, rezamos e trabalhamos junto aos/as leigos/as e nos dias 12 e 13 somente entre nós frades. Foram momentos ricos de convivência, de oração, de reflexão e podemos dizer que atingimos os objetivos planejados, pois saímos com metas concretas que devem ser levadas a cabo a partir de agora pelo governo da Província, junto a todos os frades, envolvendo a participação de leigos/as em reuniões e atividades que nos ajudem a fortalecer nossa missão evangelizadora e a qualidade de nossa presença franciscana na Igreja e no mundo, nosso claustro.













Esta Assembleia foi pensada e construída desde janeiro de 2009, após nosso Capítulo Provincial intermediário e foi acolhendo os questionamentos e interpelações dos anos 2006-2008, sobretudo das Assembleias regionais, do Capítulo Geral extraordinário da Ordem (2006) e do Capítulo geral de 2009. Do Capítulo geral de nossa Ordem (2009) recebemos o belíssimo documento “Portadores do dom do Evangelho”, e tarefas concretas (Decisões) a serem assumidas imediatamente. Entre elas a Decisão nº 10 que nos pede uma parada para discernir (em latim Moratorium) como um “momento de graça que o Senhor nos oferece para olharmos o passado com gratidão, vivermos o presente com paixão e abraçarmos o futuro com esperança, um tempo forte para rever nossa vida e missão e partir assim com novo impulso rumo a novos caminhos de presença e testemunho” (cf. Subsídio do Definitório Geral para o Moratorium).
Estamos presentes em vários lugares deste Nordeste, da Bahia ao Ceará, na missão entre os índios Tiriyó, no estado do Pará e na Alemanha, e não podemos apenas manter essas presenças e atividades pastorais e evangelizadoras! “Percebe-se a urgência de lermos e interpretarmos os sinais dos tempos e dos lugares à luz do Evangelho e do nosso Carisma; de reencontrarmos a ligação entre vida interior, vida fraterna, vida de minoridade e de missão evangelizadora; de reorientarmos a nossa vida e darmos respostas às perguntas do nosso tempo” (cf. Subsídio do Definitório Geral para o Moratorium).
Iluminados pela metodologia de Emaús, pois o Senhor continua caminhando conosco nas estradas da vida, devemos estar atentos aos passos dados (ver, julgar e agir), questionando-nos: onde estamos? como estamos? qual o testemunho evangélico que damos e o protagonismo que exercemos na Igreja e no mundo, junto aos/às leigos/as para fazer aparecer os sinais do Reino do Pai? Concretamente, como estamos comprometidos com a justiça, a paz e o cuidado com a criação? Nesta mudança de época em que vivemos, que lugar ocupamos num mundo de muito avanço tecnológico, mas onde a vida é banalizada, pois a desigualdade social tende a crescer, como também a violência, os conflitos sociais, culturais e religiosos, as ameaças à paz mundial e a natureza é diariamente devastada?
Esta macro realidade que é assunto diário dos meios de comunicação, de encontros de cúpula das nações e de igrejas e organizações, devem ser também nosso assunto principal em nossas famílias, comunidades e fraternidades, pois em nossa realidade concreta vemos a repercussão de tudo. Nela, a partir de nossa fé, de nossa vocação de frades menores e junto aos/às leigos/as devemos agir, interferir e transformar.
Logo mais informaremos os encaminhamentos concretos pedidos pela nossa Assembleia e que estão expressos nas decisões que vieram dos/as leigos/as e também dos frades:

1. Nível Paroquial

• Reativar o Secretariado de Evangelização e Missão
• Elaboração do Projeto Provincial de Pastoral Paroquial com participação ativa dos leigos:

Como?

Divisão da Província por proximidade
Canindé, Fortaleza e Mossoró
João Pessoa, Campina Grande e Lagoa Seca
Olinda, Recife, Ipojuca, Sirinhaém e Pesqueira
Penedo e Aracaju
Salvador, Cairu, São Francisco do Conde e Campo Formoso
Prazo: até o final do ano

• Elaborar a Ratio Evangelizationis da Província (Diretrizes)
Como?
Contribuições de representantes das CEBs, Movimentos Sociais e Populares, Paróquias, Comunicação, OFS...

2. Nível Missionário
• Incentivar a formação de Equipes Missionárias em nível de Província e nas Paróquias;
• Enviar leigos para a Missão Tiryó.

3. Nível da Formação
• Escola de Formação Missionária Franciscana – sociológica e teológica
• Formação na Espiritualidade Franciscana
• Incentivar a participação dos agentes de pastoral nos programas de formação
E do grupo dos frades nos dias 12 e 13 de julho eis as metas concretas:

Elaboração de um Projeto de Redimensionamento:

Tendo em vista o fortalecimento da vida fraterna e a elaboração do projeto de vida pessoal e fraterno, a fidelidade ao Carisma e nossa Missão Evangelizadora.
• O governo estude e apresente um Projeto, considerando cada uma das presenças (lugares onde estamos presentes no Nordeste, Norte e na Alemanha).
Prazo: Até dezembro de 2010.
• Os frades estudam o projeto no âmbito das casas vizinhas.
Prazo: Até junho de 2011
• No Capítulo Provincial de janeiro de 2012, o projeto será apresentado, discutido e votado


Temos diante de nós um grande trabalho a ser realizado, mas as respostas concretas que dermos aos questionamentos recebidos de nossa Assembleia Missionária, vão fortalecer nossa vida franciscana que nasce das grandes interrogações que o Evangelho provoca na vida de Francisco de Assis: “Francisco, não vês que minha casa está em ruínas?” “Senhor, que queres que eu faça?”

Frei Marconi Lins, OFM

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A PROVÍNCIA FRANCISCANA DE SANTO ANTÔNIO DO BRASIL E SUA HISTÓRIA

O BRASIL NASCEU FRANCISCANO – Foram os franciscanos os primeiros evangelizadores do Brasil. Já em 1500, o franciscano Frei Henrique de Coimbra celebrou a primeira missa na Terra de Santa Cruz. O Brasil só conheceu missionários franciscanos até a chegada do Primeiro Governador Geral com os primeiros jesuítas em 1549.

FUNDAÇÃO DA CUSTÓDIA DE SANTO ANTÔNIO – Mas só em 1584 foi criada a Custódia de Santo Antônio do Brasil, dependente da Província Franciscana do mesmo nome de Portugal. Os fundadores chegaram a Olinda a 12 de abril de 1585, chefiados por Frei Melquior de Santa Catarina. Tomaram posse, a 4 de outubro do mesmo ano, do Convento de Nossa Senhora das Neves, construído para eles pela terciária franciscana Maria da Rosa.


AS PRIMEIRAS ATIVIDADES DOS FUNDADORES – Fundaram muitos conventos que ainda hoje são preciosas relíquias do passado e inúmeras Missões entre os índios. Fundaram obras sociais, escolas e davam atenção especial aos hospitais e leprosários. Pregavam também Missões populares.


CRIAÇÃO DA PROVÍNCIA – A 24 de agosto de 1657 o Papa Alexandre VII elevou a Custódia de Santo Antônio à categoria de Província autônoma.
Em 1675, com a ajuda da Província de Santo Antônio, foi criada a Província da Imaculada Conceição, no Sul do Brasil.

DECADÊNCIA DAS ORDENS RELIGIOSAS NO BRASIL – Desde o século XVIII as Ordens Religiosas no Brasil sofriam grande repressão por parte do poder régio. Mas o golpe de morte foi o Decreto de D. Pedro II em 1845 proibindo a admissão de noviços. Com isto, os conventos foram fechando por falta de frades. Ao chegar a República, havia apenas 9 franciscanos no Brasil, 8 no Nordeste e 1 no Sul.


A RESTAURAÇÃO – a República separou a Igreja do Estado. Foi uma libertação. O último Ministro Provincial da Província de Santo Antônio, Frei Antônio de Lellis, fez inúmeros apelos ao Ministro Geral da Ordem Franciscana para que mandasse frades da Europa para restaurarem as Províncias Franciscanas do Brasil. A Província Franciscana da Saxônia (Alemanha) aceitou esta missão. A 27 de dezembro de 1892 chegavam à Bahia os primeiros restauradores. A 2 de março de 1893 foi decretado o início da reforma e restauração da Província Franciscana de Santo Antônio. Foram muitas expedições de frades jovens e velhos que vieram povoar os conventos abandonados. Das cinzas ia surgindo a vida com vigor.


A PROVÍNCIA RESTAURADA - Finalmente, a 14 de setembro de 1901, o Governo Geral da Ordem Franciscana publicava um decreto considerando restaurada a Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil. Foram surgindo novos conventos. A prioridade era promover as vocações nacionais. Para isto foram fundados o Colégio Seráfico de Ipuarana (Lagoa Seca / PB) em 1940, além de Escolas Apostólicas ou Preparatórias.
Também na Alemanha foi fundado o Colégio de Bardel (1921) e a Residência de Mettingen (1960), para mandarem vocações européias para o Brasil. O Concílio Vaticano II promoveu ma grande reforma na Igreja. A Província Franciscana de Santo Antônio achou por bem fechar o Seminário e as Escolas Apostólicas, renovando a sua pastoral vocacional.

Temos hoje, em cada Estado do Nordeste as equipes vocacionais, empenhadas em envolver na promoção vocacional em todas as Paróquias confiadas aos Franciscanos.


Diante dos desafios que se nos apresentam, hoje, e que nos impulsionam a abraçar o carisma de Francisco na realidade onde estamos inseridos, trazemos em nós uma grande esperança de que a comemoração dos 800 Anos de história do Carisma Franciscano impulsione mais ainda o nosso Serviço de Animação vocacional, não somente em termos de aumento numérico, mas, sobretudo em termos de autenticidade da forma de vida a qual o Senhor nos chama!


Frei José Milton de Azevedo Coelho, OFM
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